sábado, 7 de noviembre de 2009

O papel do ouro no sistema monetário internacional

O que fazem a Índia e a China que a Malásia não faz?

Matthias Chang

. Em 27 de Agosto de 2009 escrevi o artigo "Apelo ao primeiro-ministro e ministro das Finanças da Malásia – Reexaminem a estratégia do país quanto a reservas externas", urgindo o nosso primeiro-ministro a examinar a necessidade crítica de diversificar as nossas reservas estrangeiras, especificamente para aumentar os nossos haveres em ouro.

O meu apelo não foi ouvido.

Chamo a atenção do nosso primeiro-ministro para o Central Banks Gold Agreement (CBGA) de 14 de Agosto de 2009, especificamente para este trecho:

"O ouro permanecerá um elemento importante das reservas monetárias globais".

As vendas de ouro já decididas e a serem decididas pelas instituições signatárias serão efectuadas através de um programa concertado de vendas ao longo de um período de cinco anos, começando em 27 de Setembro de 2009, imediatamente após o fim do acordo anterior. As vendas anuais não excederão 400 toneladas e as vendas totais ao longo deste período não excederão 2000 toneladas.

Os signatários reconhecem a intenção do FMI de vender 403 toneladas de ouro e observam que tais vendas podem ser acomodadas dentro dos tectos acima. Este acordo será revisto após cinco anos.

É significativo notar que o FMI pretende vender 403 toneladas de ouro e é óbvio arriscar uma suposição sobre quem será o comprador principal. A China está desesperada para descarregar o seu papel higiénico estado-unidense em troca de ouro e isto tem de ser feito cuidadosamente, pois tais vendas 'serão acomodadas dentro dos tectos acima'."

Também chamei a atenção do primeiro-ministro para os seguintes dados:

"A situação actual das reservas ouro dos principais bancos centrais europeus em percentagem das suas reservas totais são como se segue:
França: 73%
Alemanha: 69,5%
Itália: 66,1%
Holanda: 61,4%
Suíça: 37,1%

Em contraste, as proporções de reservas dos principais bancos centrais asiáticos e da Rússia são como se segue:
Rússia: 4%
Índia: 4%
Formosa: 3.8%
Japão: 2.1%
China: 1.8%

Considerando este estado de coisas, quaisquer vendas de bancos centrais europeus sob o 3º CBGA não deprimirão os preços do ouro, pois será inevitável que os bancos centrais asiáticos, com pouco peso de ouro nos seus haveres, colectem-no para reforçar as suas minúsculas reservas do metal. Para mais dados, ver a referência do World Gold Council.

A China tem dado atenção à necessidade de reforçar as suas reservas estratégicas de ouro. Ela de facto convidou os seus cidadãos a acumularem ouro!

Ontem, a Bloomberg informou que "O ouro saltou para um recorde depois de o banco central da Índia ter comprado 200 toneladas do metal vendido pelo Fundo Monetário Internacional, elevando a especulação acerca de mais compras oficiais... A venda de US$6,7 mil milhões ao Reserve Bank of India é "a maior compra única por parte de um banco central que conhecemos durante pelo menos 30 anos num período tão curto", afirmou Timothy Green, autor de "The Ages of Gold". E acrescentou: "O único evento comparável foram as compras firmes dos EUA nas décadas de 1930 e 1940".

O que é significativo é que a Índia capturou 50% das 403 toneladas distribuídas pelos FMI.

A Índia percebeu por fim a necessidade de diversificar as suas reservas estrangeiras. Acredito que nos próximos meses outros países asiáticos seguirão este rumo. Espero que a Malásia não permaneça num estado de recusa.

E mais uma vez mostrei estar à frente da curva. No primeiro trimestre de 2010 testemunharemos a 2ª onda do tsunami financeiro global. A acumulação de cash pelos grandes bancos globais não será suficiente para deter a maré.

O 2º tsunami global será maior e mais devastador do que o primeiro. Fiquem prevenidos.

O recente orçamento da Malásia não trata das questões fundamentais

04/Novembro/2009

O original encontra-se em http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=15922

Enquanto isso em Portugal

O Banco de Portugal, governado por Vitor Constâncio, esteve a vender as suas reservas ouro precisamente no momento em que as cotações do ouro estavam baixas. Entre 2002 e 2005 o Banco de Portugal efectuou vendas de ouro num total de 190 toneladas (15 t em 2002; 30+45 t em 2003; 35+20 t em 2004 e 35+10 t em 2005).

Ver a propósito o Projecto de Resolução nº 541/X sobre as reservas de ouro do Banco de Portugal, apresentado pelo PCP na Assembleia da Republica em 16/Julho/2009:
http://www.pcp.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=34372&Itemid=195



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